sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pergunta

A pergunta não cala, a pergunta é chata
Mas a pergunta não é feita, ela não fala!
Os dias são poucos, as noites são claras
E ela ainda não foi feita, ninguém a fala!
Não querem a dizer, ela é falsa
Ela é para ser dita, mas ela é feia
Por isso a escrevem, a receita passageira
E as perguntas pulam de mão em mão, de teia em teia

E as pessoas a vêem, mas ninguém enxerga
Como ela é fácil, como ela é breve e ninguém enxerga!
São todos cegos, são todos surdos, são todos mudos e telepatas?
Por que não enxergam, se ela é simples e esta na cara!
A pergunta não arranca olhos, pode matar, mas olhos não arranca!
São todos falsos, são todos hipócritas, são todos sinicos e idiotas?
Não fazem a pergunta certa, nem ouvem a pergunta feita
Como podem a rejeitar, se "ninguém" a rejeita!

E se todos gritassem? Mas ninguém a grita!
Mas se tentam não conseguem, a garganta entala
O conceito é pouco, a lembrança é rara
Da pergunta feita, da pergunta fala
Mesmo que todos juntos a procura da malfadada
Sempre faltam os argumentos, no encontro sempre uma barra
Os minutos são passageiros, muitas vezes inimigos da obra
Da ultima pergunta a ser feita, da ultima pergunta inglória

Por que o poema é feito? Para fazer a pergunta
Mas que pergunta? A que não foi feita
"O que separa o tempo, o que corre na veia"?
"Por que os homens falam e as crianças são mudas"?
"Qual o segredo da vida, qual o segredo da chuva"?
"Por que alguns são brancos e as índias andam nuas"?
"Qual o mistério do sol, qual o mistério da lua"?
A pergunta é clara, mas ninguém a grita
O poema a grita, o poema a fala, o poeta incita!
As pessoas fazerem, as pessoas dizerem a pergunta não dita
Então que façam, que digam sem ter medo de perder a tal da pergunta!

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